Mulheres vivem mais do que homens. Fato
comprovado estatisticamente pelo IBGE. Enquanto a expectativa de vida dos
brasileiros é de 71,3 anos, a população feminina dura em média 78,6 anos. Isso
já explica por que as doenças oculares como catarata, degeneração macular e
retinopatia diabética atingem o público feminino em cheio. Mas alguns problemas
de visão são mesmo intrinsecamente mais prevalentes entre as mulheres.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a
síndrome do olho seco acomete cinco milhões de pessoas com mais de 50 anos.
Desse total, três milhões são mulheres. Essa doença costuma acometer duas ou
três vezes mais mulheres do que homens no Brasil também. Uma das causas da
falta de lubrificação dos olhos são as alterações hormonais provenientes da
menopausa. Aos 60 anos, a produção de lágrimas de uma mulher cai pela metade em
relação a seus 20 anos.
Alterações hormonais durante a gravidez
também podem ter como desdobramento alguns problemas de visão. A sensibilidade
da córnea, por exemplo, costuma diminuir principalmente nos últimos três meses
da gestação – voltando ao normal pouco tempo depois de o bebê nascer. São
quatro os principais problemas oculares que podem ocorrer durante a gravidez:
olho seco, visão embaçada, desdobramentos da pré-eclâmpsia, e desdobramentos do
diabetes gestacional. Os desdobramentos mais sérios são os dois últimos.
A pré-eclâmpsia é uma hipertensão
arterial específica da gravidez que pode ocorrer a partir da 20ª semana. Os
sinais podem ser identificados através dos olhos em até 8% das gestantes, sendo
provável que a paciente se queixe de perda temporária de visão, maior sensibilidade
à luz, visão embaçada ou com formação de halos ou flashes. Na presença desses
sintomas, principalmente se a paciente tiver histórico de hipertensão, o médico
responsável pelo pré-natal deverá ser imediatamente comunicado, já que essa
condição progride rapidamente e pode resultar em sangramento ou outras
complicações.
Com relação ao diabetes gestacional, os
desdobramentos para a visão também são considerados graves quando não controlados
a tempo. Altas taxas de açúcar no sangue, quando associadas ao diabetes, podem
danificar pequenos vasos sanguíneos que alimentam a retina. O risco, inclusive,
aumenta ao longo da gravidez. Por esse motivo, quer a gestante seja diabética,
quer tenha adquirido diabetes gestacional, sua visão poderá apresentar
problemas relacionados a nitidez e foco. Sendo assim, é importante contar com
um acompanhamento médico especializado durante os nove meses de gravidez,
principalmente mantendo os níveis de açúcar no sangue dentro de parâmetros
aceitáveis.
A catarata também está relacionada à
idade e, portanto, acomete muitas mulheres. Aos 80 anos, metade da população já
desenvolveu a doença, que é a opacificação do cristalino. No Brasil, são
diagnosticados 550 mil novos casos da doença por ano – impactando a autoestima,
as condições socioeconômicas e os relacionamentos pessoais. Por isso, é
importante prestar atenção a sintomas como diminuição gradual e progressiva da
visão, dificuldade de se locomover à noite, enxergar os objetos em tons
amarelados ou borrados e perceber halos ao redor de objetos luminosos. Essas
dificuldades acabam levando a pessoa a perder o interesse por atividades
rotineiras, como ler, escrever e digitar; e perder a vaidade, já que fica cada
vez mais difícil se maquiar e se cuidar.
É preciso ter atenção também, para o
fato de que as mulheres têm maiores taxas de doenças autoimunes como lúpus,
artrite reumatoide e esclerose múltipla, sendo que todas essas condições geram
impacto sobre a visão, podendo levar à cegueira. Dado que a perda de visão pode
ser evitada em muitos casos, vale ressaltar a importância de se buscar ajuda
especializada na presença dos sintomas de desconforto e dificuldade visual já
citados. Mas cabe às pacientes, também, adotar um estilo de vida saudável para
evitar problemas oculares mais graves. Nesse sentido, se alimentar bem, evitar
sobrepeso e obesidade, além de praticar exercícios físicos e parar de fumar são
atitudes fundamentais para quem deseja enxergar bem por muitos anos ainda.
Fonte: DrVisão